sábado, 5 de junho de 2021

2012 Roupa: As sobras da Casa de Alice II / situ-ação performativa apresentada na exposição coletiva / Paralelo 31 Reverberações da Arte Contemporânea em Pelotas durante a abertura 13 de abril de 2012 e outras datas durante o período de visitação na Ágape: espaço de arte, Pelotas, RS. Brasil

 


 
Título:

      Roupa: As sobras da Casa de Alice II  


Alice Monsell 


situ-ação performática 

inédita
 
apresentada 
 na exposição coletiva 
 Paralelo 31 Reverberações da Arte Contemporânea em Pelotas


A exposição coletiva foi realizada em cinco locais na cidade de Pelotas. As performances com ROUPA foram realizadas na galeria Ágape: Espaço de Arte. 




As pessoas podem selecionar uma "sobra" que fica disponibilizada nas bolsas da roupa.  A vestimenta é dura, quase uma armadura. As pessoas podem tocar a roupa e retirar objetos com etiquetas. 



Antes da performance, vários objetos foram preparados. Todos os  objetos "sobram da minha casa".  São "sobras". Coisas quase inúteis, quebradas, guardadas, aguardando um uso...um conserto, como esta embalagem de xampu que ainda tem um pouquinho de produto na embalagem. Mas não vou usá-lo. Então, porque fico guardando isso na minha casa? Mais e mais e mais. 


Papel, tipo cartolina, recortado de folha maior e impresso a jato em casa. 




Caminhando na minha casa como se fosse uma loja de mercadorias usadas, um Bric, em pouco tempo, acumulei uma grande quantidade de tralhas que talvez poderiam ser reaproveitadas por alguém. 

Vou me livrar do peso de uma economia doméstica que transborda aqui. Vou me livrar do ato de organizar gavetas. Não quero tirar mais pó e mofo, ano após ano após ano. 

O que sobra do cotidiano? 

E se sobra aqui, sobra em outro lugar? 
Se sobra aqui, falta em outro..

Pensam que estou fazendo algo bonzinho, limpa a gaveta e a própria alma, ou é simplesmente dever? 

Medo do vazio ou é desejo do vazio...?  Ou  desejo de se esvaziar...

Algo sobra que precisa  falAR?

Algo sopra.

Sobrar / soprar. 

obra

 AR. 

 o ar como o espaço de movimento. 

soprar como o espaço da fala. 





E se estes objetos fossem índices de projetos inacabados,
mil projetos, mil desejos inacabados, ... desejos guardados, mais e mais. 

Sobra o desejo de transformar uma coisa em outra e de se deslocar. 


Making of 

Enchi este casaco com roupas para criar um corpo com meu tamanho. O modelo para fazer a ROUPA foi  fixado no cabide para funcionar como molde. A ROUPA foi feita a partir de um processo de colagem-moldagem ao redor do cascado,  usando técnicas de papel mâché e papietagem. 



MATERIAIS:

A ROUPA foi confeccionada a partir de cola e papéis de cadernos velhos, fotocópias, folhas escritas de anotações que achei na minha casa. Catei muitos objetos pequenos, ao andar de quarto para sala para garagem. Depois, os objetos são preparados, embrulhados  com saquinho e etiqueta.



O processo de fazer ROUPA envolve outro processo de destruir muitos cadernos, a maioria de anotações de disciplinas de arte. Assim, também me livrei de outras coisas guardadas por muito tempo e os transformei em outra coisa. Transformar, mudar a forma e uso de um material é também a criação de um outro espaço. Meu espaço em casa estava cheia. Ao transformar materiais, também abria espaços. Abri espaços inexistentes, um ar parado, um espaçO para movimento. 



Ao esvaziar as gavetas, ao transformar as anotações, criei um espaço vazio para caminhar,  daqui para outros lugares.... do ateliê para a ROUPA caminhante e portátil. 

E meu corpo foi junto.

Lembrando: 

Esta ROUPA foi antes uma casa. Como surgiu esta ROUPA? Como surgiu a ideia de fazer uma roupa...

Criei uma moldagem enorme com os mesmos materiais e, agora, me lembrei como inventei a ideia da ROUPA.  

Estávamos fazendo a desmontagem de outra exposição onde apresentei um tipo de maloca-iglu-merzbau, com uma forma de domo circular com aprox. 1.5 metros de diâmetro, também feita de papéis velhos e cola, moldados ao redor de cestas, televisores, gravadores, máquinas, mesas, pias,  e todo tipo de objeto mais ou menos grande.   O domo é pesado. Quando vi meu marido levantar aquela estrutura vazia branca com formato de domo, vi suas pernas andando de baixo do domo e pá! Foi neste instante que surgiu a ideia de ROUPA. "

Durante a performance, pergunto 

"Você gostaria de uma sobra da minha casa?"



Distribui as "sobras da minha casa" em eventos, na rua, às vezes, infiltrando como invasor em eventos, Festa de São João, uma Bienal, como participante informal. 


  























catálogo: 

 
Paralelo 31: reverberações da arte contemporânea em Pelotas /
catálogo exposição impresso  ISBN 978-85-7192-883-1 P221; Organizado por Adriane Hernandez, Bianca Dornelles e Thaigo Reis. –Pelotas: Editora Universidade UFPel, 2012. 88p.. 2012. 

 
 

domingo, 18 de abril de 2021



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Contextos de atuação do artista  - projeto de extensão 
Sobras do Cotidiano e contextos dx artista em deslocamento - projeto de pesquisa 

Grupo de pesquisa DesLOCC
Deslocamentos, observâncias e cartografias contemporâneas -CNPq/UFPel