terça-feira, 11 de junho de 2019

2019 ALMOÇO NA GRAMA-Ação fotografica Coletiva com Caminhada. Oficina e Proposta Fotografica/Videografica produzida durante a SEMANA ACADÊMICA do Bacharelado em Artes Visuais do Centro de Artes da UFPel. Produção do grupo Sobras do Grupo de Pesquisa DeslOCC (CNPq/UFPel)




"Almoço na Grama: 

Ação fotográfica Coletiva e Caminhada" 


Oficina realizada a partir de uma caminhada no bairro Porto de Pelotas até um sítio residual pitoresco cheio de lixo


Oficina proposta por Alice Monsell com o auxílio de Rogger Bandeira (bolsista PIBIC/CNPq)  e Mara Nunes (orientando Mestrado em Artes Visuais da UFPel) e demais colaboradores

A Oficina/Ação foi realizada durante a Semana Acadêmica do Curso de Artes Visuais-Bacharelado do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas, RS, Brasil.  

Depois da Oficina, foi editado o vídeo de fotos videografadas  por Alice Monsell e Rogger Bandeira (bolsista PICIC/UFPel), o qual  foi apresentado no Centro de Artes, andar 2 no mesmo dia à tarde (ver em: https://www.youtube.com/watch?v=ARhzzZu6QWs ). A proposta fotográfica/tableau  tem referência em procedimentos de Jeff Wall e Cindy Sherman.

Participantes  da Oficina Almoço na Grama:

Alice Monsell (coorda.), Mara Nunes, Vivian Parastchuk, Rogger Bandeira   (Bolsista PIBIC/UFPel 2019-2020), Bella Kacelnikas, Paola Boldt, San Pedro, Rodrigo Gomes, Rafael de Souza, Elisa Montagna Aguiar, Mirianne Monquelat, Dara Blois


Esta ação é vinculada ao 
projeto de extensão do Centro de Artes da UFPel 
Contextos de atuação do Artista (584 UFPel) 
e do projeto de pesquisa 
Sobras do Cotidiano e Contextos dx Artista em Deslocamento (UFPel) do grupo de pesquisa DeslOCC/(CNPq/UFPel). 








Le Dejeuner sur L'herbe. Édouard Manet. 1862-1863. óleo sobre tela. 208 x 264.5 
Em português Almoço na relva ou Piquenique no bosque.  acervo Museu D'Orsay, Paris, França.  








************

O que motivou a escolha deste local que materializa o que imagino quando penso em "bosque" é o trecho do hino nacional brasileiro em contraste irônico com a realidade ambiental: 

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores
"nossos bosques têm mais vida"
"nossa vida" no teu seio "mais amores" 

E apesar das flores deste campo serem detritos urbanos, esse bosque realmente é um dos locais mais bonitos em Pelotas, sua luz impercebida. 

As primeiras fotos não mostraram claramente que, no fundo deste bosque, não "tem mais flores", e este campo belo está cheio de lixo, provindo das práticas de descarte inapropriado em Pelotas. Curiosamente, o lugar se localiza  quase em frente da entrada da Reitoria-Campus Anglo da UFPel e isso implica que o espaço poderia servir de local de convivência, para atividades públicas de comer, por exemplo, como a Oficina propõe e realizou literalmente  um Piquenique na Relva, depois da sessão das fotos. 

Quando estávamos lá, o lixo se apresentou como muito visível e palpável, mas nem sempre aparece como tal nas imagens. 




*******************




MAKING OF: 



A caminhada começa na frente do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas mais ou menos 13 horas no dia 12 de junho de 2019.


Caminhamos cerca de 40 minutos até chegar num bosque localizado quase em frente da entrada da Reitoria da Universidade, Campus Anglo no bairro  Porto de Pelotas.  









Registros da  caminhada até o bosque 



Rogger Bandeira, bolsista PIBIC CNPq. 



A ação desenenrolou de modo horizontal. Usamos uma impressão fotográfica da pintura de Manet e os grupos foram se organizando e realizamos registros com minha máquina Nikon reflex digital  a partir de dois ângulos, com os participantes sentados primeiro em um local, dentro do bosque, e depois, mudamos todos os apetrechos para outro  ponto de vista, para pegar a luz  vindo do outro lado do bosque. 


Um vídeo produzido a partir da oficina Almoço na Grama pode ser visto em: https://www.youtube.com/watch?v=ARhzzZu6QWs







Sobre o making of   Almoço na grama
Este vídeo é produção em consequência da oficina e experiência de caminhar na rua até um bosque muito lindo que fica na Rua Gomes Carneiro, no bairro Porto de Pelotas,  num campo arborizado que se localiza quase na frente  da entrada da Reitoria da Universidade Federal de Pelotas-UFPel, Campus Anglo, na beira do canal São Gonçalo, em Pelotas,  RS, Brasil.  

A proposta surgiu de uma proposta que queria realizar há muito tempo, mas precisava de um grupo de pessoas para ajudar recriar o "Almoço na relva", Dejeuner Sur L'Herbe, do pintor Frances  Eduard Manet neste  sítio.  A possibilidade de realizar a proposta veio com a Semana Acadêmica/Expresso Infância, organizada pelos alunos e alunas do Curso do Bacharelado em Artes Visuais da UFPel. 

A oficina aconteceu no dia 12 de junho de 2019, a partir de 13h. Levamos sacolas e cestas com mantimentos para fazer um piquenique, com pão, e duas cucas de maçã quentinhas. Saímos, 16 pessoas, caminhando da frente do Centro de Artes na Rua Alberto Rosa, na zona do Porto de Pelotas, em direção à Reitoria, num percurso menos habitual, seguindo mais ou menos o canal São Gonçalo cuja vista está bloqueada pela construção de muros ao longo da área de armazéns do Porto. 
Em meia hora, chegamos no bosque. Inicialmente, foi  difícil achar um local para sentar ou colocar nossas coisas, a área estava coberta de vidros quebrados e lixo e queríamos  colocar os cobertores no chão e arranjar a cena. Utilizando fotos  impressas da pintura de Manet para localizar árvores e efeitos de luz no fundo que mais ou menos lembravam a cena pictórica feita numa época que ainda dava para visitar a mata sem ver lixo acumulado.
 
O objetivo destas imagens foi de mostrar o ato de comer neste local de extrema beleza, porém, uma beleza danificada, uma beleza natural que existe em relação a um devir humano constante; um vir-a-ser da natureza sujeitada ao vir-a-ser das transformações humanas, a mata sujeitada aos processos entrópicos de uma lógica insalubre onde cada progresso tem um efeito colateral de ruína em outro lugar onde não será vista.... 

Um quadro não é uma pintura
Fizemos as cenas, apropriando  os cenários do fundo da pintura de Manet e imitando as poses das figuras humanas do quadro (observo que os procedimentos têm referência em Jeff Wall e Cindy Sherman). Recriamos o quadro, que não é uma "pintura", por não usar tinta, mas é um quadro de referências e  um "enquadramento" - termo discutido na minha tese e que tem a ver com algo dito por Daniel Buren e sua noção de "moldura cultural".  

Não queremos cobrir nenhuma superfície com tinta, não queremos esconder nada, nem fazer sugestões moralistas. Queremos, eu quero, mostrar o contraste deste lugar cheio de lixo na atualidade e o quadro de outrora e o potencial de ser muito mais, a potência de ser outro. Este lugar  foi diferente no passado e meu olhar veja muito mais para nós. Temos o poder de mudar este quadro. 
Além de fornecer referências culturais que questionam o descarte inadequado de lixo neste local, o quadro e registra um performance de "tableaux vivos" que imitam Manet (embora tal imitação não é uma "cópia" da cópia como a refotografia de Sherry Levine e seu "After Walker Evans" de 1981).  As fotos que emergem da Oficina, na realidade, não reproduzem e nem citam Manet fielmente, mas usam seu quadro para fazer referências culturais, talvez seria melhor dizer, fazem uma paráfrase. As fotos da Oficina Almoço da Grama imitam as poses figurativas, mas não reproduzem o gênero das figuras representadas  em Almoço na Relva de Manet (notando que a composição de Manet também cita uma gravura renascentista  com um conjunto de figuras masculinas - e o fato de já ser uma citação é uma das razões para escolher este quadro em particular, subvertendo e cometendo um détournement, talvez, ao citar uma citação do tipo misprision). 

 As potências
Se este bosque lindo na frente da entrada da Reitoria da UFPel é cheio de lixo é porque queremos que esteja assim. O que existe no mundo como devir humanizante somente existe pela vontade de potência deste devir.  Somente um desejo muito forte e incontrolável poderia produzir  e reproduzir tal bosque, pois, cada vez que o limpam, volta a ficar cheio novamente.  O devir humanizante pode produzir  um vir-a-ser que contradiz a vir-a-ser da natureza que é o devir de nosso corpo - e que deveria ser um devir em busca do corpo saudável e que permita os devires dos corpos sociais e não negar a  atualidade. 
   
Uma pessoa deixou uma sacola, depois outra, depois outra. Há uma vontade individual e coletiva envolvida na criação desta bagunça. 
Nossa vontade incontrolável de conquistar as coisas que queremos, de ter mais ou ser melhor, de querer uma coisa tanta que, no processo de conquistar o que mais queremos, acabamos  produzindo outro efeito colateral impensável e impensada, um mundo cheio e inoperável, não respirável que impossibilita tomar tomar um banho na Lagoa dos Patos ou ser o que somos. Não há um único jeito. 

Disse Nietzsche: 
E sabeis… o que é pra mim o mundo?… Este mundo: uma monstruosidade de força, sem princípio, sem fim, uma firme, brônzea grandeza de força… uma economia sem despesas e perdas, mas também sem acréscimos, ou rendimento,… mas antes como força ao mesmo tempo um e múltiplo,… eternamente mudando, eternamente recorrentes… partindo do mais simples ao mais múltiplo, do quieto, mais rígido, mais frio, ao mais ardente, mais selvagem, mais contraditório consigo mesmo, e depois outra vez… esse meu mundo dionisíaco do eternamente-criar-a-si-próprio, do eternamente-destruir-a-si-próprio, sem alvo, sem vontade… Esse mundo é a vontade de potência — e nada além disso! E também vós próprios sois essa vontade de potência — e nada além disso!”
– Nietzsche, Fragmento Póstumo
citando Nietzsche do site de Razão inadequada: https://razaoinadequada.com/2013/07/15/nietzsche-vontade-de-potencia/





Depois da sessão, surgiu outros momentos espontâneos. Dançando o quadro de Matisse...o resgate da infância, quem entendeu mais do que Matisse? Comunhão, liberdade de celebrar o sermos e estarmos. Linda experiência.  


Realização: 



         Nomes completos                                       / nomes artísticos




Produção do projeto de extensão Contextos de Atuação do Artista (Centro de Artes/UFPel) 

vinculado ao 
projeto de pesquisa Sobras do Cotidiano e contextos do artista em Deslocamento 

do Grupo de Pesquisa DeslOCC_Deslocamentos, observâncias e cartografias contemporâneas CNPq/UFPel. 




domingo, 9 de junho de 2019

2019 Produção técnica Alice Monsell de videografia da performance coletiva produzida e concebida como Aula Aberta da disciplina de Desenho de Modelo Vivo pela Nadia Senna intitulada: AULA ABERTA À COMUNIDADE - Fila Cosplay : Modelos Vivos de Artistas Re-Existentes da História no dia 30 de maio de 2019 MALG. Performance realizada e gravada no dia 15 de maio. às 14h









Pode assistir o vídeo em:
https://www.youtube.com/watch?v=lSHG7KEp7-g



AULA ABERTA À COMUNIDADE com a profa. Dra. Nadia da Cruz Senna

Fila Cosplay :  Modelos Vivos de Artistas (Re)Existentes  da História no MALG


A professora Nádia Senna do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas apresentou uma "Fila Imaginária" performática na frente do Museu de Leopoldo Gotuzzo-MALG, no Centro de Pelotas, com a colaboração de seus alunos da disciplina de Desenho de Modelo Vivo, no dia 30 de maio 2019, às 15h.  A proposta de "aula aberta", segundo a professora foi  uma "Fila Cosplay" citando figuras importantes  artistas  da história da arte Moderna e do Barroco, que entraram na fila em frente do museu MALG e entraram. O MALG  foi recém relocalizado para o Centro de Pelotas, em frente do Mercado Público, agora com sede permanente. Depois da apresentação, que aconteceu em dia de manifestações na cidade em protesto contra os cortes planejados (muitos já acontecidos) pelo governo atual. Depois do performance,  os modelos vivos  caminharam e posaram dentro do Museu ao  lado das obras de Leopoldo Gotuzzo.
As personagens foram vestidas pela professora usando as roupas e tecidos utilizados na disciplina de Desenho de modelo vivo e foram convincentes ao trazer estes artistas do Modernismo e do Barroco de volta para a vida. Poderíamos dizer que estes Artistas Cosplay são literalmente “re-existências” de artistas como Frida Kahlo, Artemisia Gentileschi, Vicente Van Gogh, entre outros. Voltaram da morte para participar das manifestações contra o corte de verbas e bolsas nas Universidades Federais Brasileiras, são figuras artísticas  re-existentes!

Fila Cosplay :  Modelos Vivos de Artistas Re-Existentes  da História no MALG
Nádia Senna e turma de Desenho de Modelo Vivo, performance, dia 30 de maio de 2019, 15h. LOCAL: Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas.
Registro Videográfico Alice Monsell

2019 A Fila Imaginária Espera a Terra Desejada. produção de videoarte na exposição coletiva ANTE-VER TER realizado pelo MALG e do Mestrado em Artes da UFPel. Alice Monsell. Videografia de sequência fotografica com texto. 3 min. vídeo digital. apresentado na exposição coletiva ANTE-VER TER. LOCAL: Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo-MALG. Apresentação coletiva de videos projetadas (de performance, videos e fotografias) nos dias 17 a 19 de maio no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo-MALG do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas, durante a Semana Nacional de Museus, Realização Mestrado em Artes Visuais da UFPel. A projeção coletiva de videos foi realizada na parede externa do MALG entre 18h e 21 horas.


O vídeo pode ser visto no You Tube: https://www.youtube.com/watch?v=2oLqMi4NuRA



Na foto, imagem registrada do vídeo de Alice Monsell, intitulado  A fila Imginária  espera da terra desejada.   Registros da projeção dos vídeos na fachada lateral do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo no dia 18 de maio de 2019, localizado na rua Andrade Neves, esquina rua Lobo da Costa  (início do Calçadão). Fotos Alice Monsell 


O video cita figuras de obras do acervo do MALG, pois, a proposta da mostra era de criar referencias de obras expostas ou no acervo.  A figura central cita uma figura do artista pelotense Fernando Duval. 

 Outras figuras citadas são a Baiana de Leopoldo Gotuzzo,  As três meninas de Mello da Costa e o Laçador do artista pelotense Caringhi.   As figuras também cita outra obra citacionista chamada a Fila Imaginária que pertence ao acervo do MALG, portanto, se trata de uma citação de segunda geração. 

A foto registra o vídeo de Mara Nunes, aluna do Mestrado em Artes Visuais que é orientada por Professora  Monsell.