segunda-feira, 13 de março de 2017

2016/ 29 novembro: Ação artística e workshop internacional (participação em) WORKSHOP PARIS-PORTO ALEGRE proposto pelo Prof. Bernard Guelton, Université de Paris 1 Panthéon-Sorbonne e organizado; organização: Prof. Dr. Hélio C. Fervenza (UFRGS); realizado em Porto Alegre, 29 outubro 2016.

WORKSHOP PARIS-PORTO ALEGRE
"Experiência de cartografia híbrida entre Paris, França e Porto Alegre, Brazil. Protocolo de fotografias monocromos nas quadras da Cidade Baixa (Porto Alegre) e Grandes Boulevards (Paris) em outubro de  2016.      
Expérience de cartographie hybride entre Paris et Porto-Alegre (Bra) Protocole de prise de photos monochromes dans les quartiers de Ciudade Baiwa (Porto Alegre) et Grands Boulevards (Paris) octobre 2016 (Do site do Grupo de Pesquisa Fictions and Interactions" FONTE::   http://www.institut-acte.cnrs.fr/fictions-interactions/2016/12/09/workshops-2013-2017/  )

Reflexão -  experiência de deslocamento Paris-Porto Alegre
Alice Monsell, 2017 

Fomos  para a Cidade Baixa e reuníamos na Confeitaria Maomé no Parque de Redenção, sábado de manhã, dia 29 de outubro, 2016. Hélio Fervenza foi um dos primeiros a chegar. Aguardamos Prof. Bernard Guelton e as pessoas convidadas do Grupo de Pesquisa Veículos da Arte.


Tomamos café, mais ou menos 9h.

Entre uma mordida de pão de queijo e um gole de suco, aprendemos algumas regras de um jogo...

Cada colaborador do experimento/workshop/ação foi dado um dispositivo artístico-celular preparado com um programa que ia realizar o digital tracking de nosso percurso nos arredores da Redenção. Nossos  deslocamentos seriam mostrados na tela de cada dispositivo na forma de linhas cromáticas, cuja cor distinguiria o trajeto de cada portador. 


 ...mais ou menos assim, Prof. Dr. Bernard Guelton e seu orientando Xavier Boissarie explicaram o que fosse necessário para podermos proceder com a experiência midiada pelo dispositivo...

O dispositivo também apresentava, esporadicamente, círculos coloridos, transmitidos de Paris no momento em que o colaborador em Porto Alegre caminhasse perto da posição virtual de um objeto que existia na França.

Antes de começar nossa caminhada na Cidade Baixa, esses objetos haviam sido fotografados pela equipe do Grupo de Pesquisa Fictions & Interactions em Paris. De uma maneira ou outra, as posições destes objetos haviam sido mapeadas pelo programa dos celulares que segurávamos em nossas mãos no Brasil. 

Ao se deslocar, o dispositivo enviaria imagens de Paris, quando um de nós, em Porto Alegre, entrasse no território virtual francês mapeado pelo programa do dispositivo. De certa forma, duas terras estavam sendo "sobrepostas" temporariamente, isto é, o território-Grands Boulevards em Paris estava sendo mapeado sobre o território-Cidade Baixa.

Então, estávamos nos preparando para caminhar à procura dessa terra virtual, somente visível na tela do celular, como uma demarcação circular cromático que correspondia a um lugar específico francês, onde se localizava um objeto que havia sido fotografado pela equipe em Paris num momento anterior do mesmo dia.  


É claro que, neste momento,  não havia ideia o que estava fazendo e, com celular na mão, saí para caminhar e me envolver nesta descoberta coletiva de uma terra dupla francesa -brasileira.

Terminamos o café e nós, em pares ou sozinho, começamos a caminhar em direções diversas e tentar achar os locais no entorno que acionariam o dispositivo artístico.


Frequentemente, cruzávamos caminhos.

Estávamos meio perdidos e com dúvidas sobre o dispositivo.  

Enquanto caminhava, meu trajeto estava sendo registrada na tela do celular em certa cor - azul ou rosa -  que distinguia meu trajeto do de outros colaboradores.

 Inicialmente, ninguém estava conseguindo achar um objeto e reagrupamos na Maomé para entender melhor o funcionamento do dispositivo...

 

tomamos mais café,

 

saímos para buscar...



Mudei de direção... 

Depois de caminhar um bom tempo no calor da Redenção, chegando meio dia, decidi mudar de direção e procurar uma área ainda não descoberta.

Esta tática me trouxe sorte e, ao entrar no perímetro de um objeto virtual de Paris, apareceu o primeiro círculo colorido na tela do dispositivo que carregava. Este acontecimento encadeou a transmissão de uma imagem vindo de Paris para meu telefone em Porto Alegre. 

Meu alvo se transformou num processo de procurar o X de transmissão, um ponto no meio de um círculo cromático na tela de um dispositivo artístico com função de canal de transmissão.

 

Caminhando, senti-me muito estranha ao olhar a tela do celular: não sabia para que lado andar, 

ou procurar o X. 

Seguia quase cegamente a trilha cromática que me levaria à imagem de um objeto parisiense.


Não era fácil localizar tal ponto virtual que acionaria a transmissão da imagem. Achar o ponto envolvia o deslocamento físico do meu corpo e do dispositivo e, ao mesmo tempo, significava encontrar o sítio concreto em Porto Alegre que correspondia ao X virtual de transmissão - um lugar específico que poderia ser inacessível: localizado dentro de um edifício fechado, no meio de uma rua, em cima de um edifício, num muro, num canto, dentro de uma loja...


 Caminhamos à deriva em busca de um ponto virtual invisível...  
A trilha cromática registrava o percurso trilhado, mas não indicava caminho nenhum. 

Meu deslocamento torto me levou, finalmente, a um ponto X onde recebi a imagem de um bibelô de um porco.

Seguindo a regra desse jogo, depois de receber a imagem, comecei a procurar um objeto correspondente ou visualmente semelhante na Cidade Baixa que poderia ser fotografado e enviado a Paris. O envio da imagem completaria a comunicação entre as duas cidades.

 

Mas, onde achar um porco para fotografar? 

Meu probleminha lúdico foi resolvido quando localizei um cardápio servindo um  prato com porco e, tirando uma foto do menu na janela do restaurante, com o mesmo dispositivo, a enviei. 


Esse processo estava acontecendo com os outros colaboradores que estavam caminhando à deriva no entorno do parque.

Com nossos olhares na tela, andamos num espaço francês cromático virtual sobreposto e quase invisível em busca de um ponto (concreto e virtual) que acionaria a transmissão de imagens.


Still do vídeo "Snake"

E

Enquanto caminhávamos, o dispositivo registrava nosso  trajeto com a linha colorida do digital tracking. O aparecimento de um círculo significava que havíamos entrado no espaço virtual paralelo francês, nas proximidades de um objeto. O centro do território circular marcava o X de transmissão da imagem dos objetos vistos e fotografados pela equipe francesa em algum momento anterior naquele dia ensolarado de outubro em Porto Alegre. 


Still do vídeo "Derivé Chromatique"

Depois de localizar a primeira imagem, continuei a caminhar e, em seguida, na tela do dispositivo, apareceu um círculo depois de outro, uma imagem depois de outra transmitida de Paris: avestruz; cartaz; caixa postal...  

No total, recebi mais ou menos cinco imagens, vindo de um local correspondente em Paris. Não sei se a equipe francês ainda estivesse lá no local no momento do envio, mas suas imagens estavam vindo para cá.


Aqui, já estava na hora de reagrupar e estávamos com fome. 

Sem palavras, comunicamos por meio desse envio mútuo de imagens correspondentes. Percebemos que havia alguém distante, um dispositivo distante, recebendo nossos comunicados imagéticos. 

 -Alice Monsell, 2017


O resultado cromático do digital tracking pode ser visto nos links embaixo na forma de desenhos de nosso percurso (em cores diferentes para cada colaborador) usando os celulares programados previamente por Prof. Dr. Bernard Guelton e Xavier Boissarie.


Mais sobre as mídias utilizadas por Prof. Dr. Guelton e Xavier Bossarie, ver: http://cosima.ircam.fr/author/xavier-boissarie/    




LINKS

WORKSHOP PARIS-PORTO ALEGRE

"Derivé Cromatique"


Workshop « Dérive chromatique » : interactions photographiques mobiles distantes sur la base d’un principe chromatique, Paris-Porto-Alegre, octobre 2016, Paris 1, ORBE, Université de Porto Alegre

"Snake" 
– Workshop « Snake » : interactions par tracking mobiles distants sans recoupements des traces, Paris-Porto-Alegre, octobre 2016, Paris 1, ORBE, Université de Porto Alegre




O vídeo é produção de Prof. Dr. Bernard Guelton e Xavier Boissarie do Grupo de Pesquisa Fictions e Interactions (Université de Paris 1-CNRS) 


*****



Como colaboradora e participante desta oficina e experiência de deslocamento com dispositivos artísticos, esclareço que não sou autor da proposta, nem da  produção dos vídeos(links acima) ou envolvida na parte de programação das mídias utilizadas, mas considero-me colaboradora da ação artística da oficina realizada no dia 29/10/2016. Neste sentido, minha participação se vincula ao Grupo de Pesquisa DeslOCC-Deslocamentos, Observâncias e Cartografias Contemporâneas (CNPq/UFPel), enquanto "qualificação profissional" em relação ao estudo prático de questões de pesquisa, tais como "deslocamentos" e "contexto", bem como se vincula ao Grupo de Pesquisa Veículos da Arte (CNPq/UFRGS) no qual sou membro.  Também participei no Seminário de Dr. Bernard Guelton "Mídias Situadas e Mobilidades Compartilhadas" no dia 31 de outubro de 2016 (ver cartaz embaixo)


*****

Workshop realizado 29 de outubro de 2016, Parque de Redenção, Porto Alegre, RS.

WORKSHOP PARIS-PORTO ALEGRE

Proposição: Prof. Dr. Bernard Guelton da Université de Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Workshop realizado conjuntamente pelos Grupos de Pesquisa Veículos da Arte (UFRGS - CNPq) e Fictions & Interactions (Université de Paris 1-CNRS). Outros autores deste workshop: Xavier Boissarie.


Organização do workshop e seminário internacionais: Prof. Dr. Hélio C. Fervenza (UFRGS, Líder Grupo de Pesquisa Veículos da Arte CNPq/UFRGS)




Nenhum comentário:

Postar um comentário